Como Fazer Ciência?

Por Leonardo Pimentel da Silva Pena e Lucas Ventura Fiuza

Texto publicado em 17/05/2020

A ciência é um caminho de construção e reconstrução de conhecimentos baseados em fenômenos observados que são testados e comprovados, porém que são refutáveis. A ciência não trabalha com verdades absolutas e nem tenta criá-las, porém entende essa sua limitação, estando então sempre disposta à reformulação com base em novos conhecimentos adquiridos.

O ponto de partida do processo científico geralmente decorre da observação de fenômenos naturais e perguntas formuladas na tentativa de entender e explicar de forma racional como de fato este fenômeno ocorre. Para que este processo ocorra é necessário que haja o levantamento de hipóteses acerca do fenômeno observado e experimentações que visam a coleta de dados. Esses resultados são analisados e comparados com a hipótese levantada anteriormente, que pode então ser validada ou refutada, e inspirar novas hipóteses para novas perguntas. Esse processo ocorre constantemente sem nunca chegar a um fim propriamente dito, sempre gerando novas pesquisas e novos conhecimentos.

Quando uma hipótese é suportada pelos dados colhidos, ela então é compartilhada com outros pesquisadores para que haja a sua validação. O processo científico não é um processo individual, o compartilhamento das informações dentro da comunidade científica é de extrema importância, porque estes dados vão beneficiar não só um indivíduo, mas o mundo todo, fazendo com que este processo global continue acontecendo.

Conforme mais pesquisadores testam e comprovam esse novo conhecimento, ele é aperfeiçoado e adaptado em benefício da população, como por exemplo a criação de vacinas, remédios, e outras coisas úteis para o nosso dia-a-dia.

Se a Evolução é real, por que ela se chama "Teoria da Evolução" e não "Lei da Evolução"?

Resgatando um pouco do que já foi falado no texto anterior, a ciência é feita a partir de observações de fenômenos que ocorrem na natureza e na criação de hipóteses acerca destes fenômenos. Por exemplo, imagine que um pesquisador fazendo uma expedição à amazônia, observa a população de uma aldeia indígena utilizando um cogumelo específico para tratar alguns problemas de saúde de diversas naturezas. Ao notar a eficácia desde hábito, o pesquisador conclui que este cogumelo pode possuir propriedades medicinais que auxiliam no tratamento de diversas doenças.

Considerando que ele já conhece esta espécie de cogumelo, o pesquisador deve então checar a bibliografia disponível relacionada ao uso medicinal desta espécie e então propor a sua Hipótese (Por exemplo, a hipótese de que um componente X, que é adquirido através da alimentação deste cogumelo, auxilia no tratamento de diversas doenças).

Uma hipótese é uma pergunta científica usada como base para descobrir algo novo. Essa ideia deve ser testável e falseável a partir do resultado de experimentos que possam ser reproduzidos por outros pesquisadores, ou seja, os materiais e os métodos utilizados na pesquisa devem ser reproduzíveis em qualquer lugar do mundo. Os resultados dos testes são então comparados com a hipótese, para que os pesquisadores saibam se a hipótese inicial estava correta ou não. Se a hipótese for falseada, ou seja, estiver errada, uma nova hipótese é feita, e o estudo continua. Após uma hipótese ser finalmente comprovada, os resultados são publicados e compartilhados com a comunidade científica.

Depois desse estudo ser publicado e apresentado a outros pesquisadores em conferências, a comunidade científica então refaz esses testes, discute os resultados, elabora novas hipóteses baseadas no assunto e descobre mais detalhes sobre o fenômeno apresentado. Após todos esses passos, e com novos estudos que fortalecem cada vez mais a descoberta inicial surgindo a cada dia, ela então começa a se transformar numa Teoria.

Uma Teoria Científica é sempre tida como “verdade” entre os cientistas, mas também pode ser refutada ou até mesmo adaptada após novas descobertas. A Teoria é uma ideia bem consolidada e sempre é formada por inúmeros estudos, por isso seu alto grau de confiança; ela pode ser desfeita, desde que tenha uma grande quantidade de evidências contra ela baseadas em estudos sérios.

As Leis, diferente das Hipóteses e das Teorias, não podem ser refutadas. Uma Lei Científica serve como base para outros conhecimentos, e se essa Lei for refutada, todos os conhecimentos baseados nela devem então ser descartados.

As Leis são simples e descritivas, geralmente baseadas em cálculos matemáticos, não explicam como o fenômeno acontece, apenas o descreve, as Teorias e Hipóteses científicas que são responsáveis por explicar como os fenômenos ocorrem.

É importante destacar que uma teoria NÃO se transforma em um lei, são independentes e diferentes, por isso uma Lei não é melhor do que uma Teoria Científica, e nem uma Teoria Científica é menos importante do que uma Lei.

Para saber mais sobre o assunto, indicamos os seguintes conteúdos:

Vídeos

“TEORIA, HIPÓTESE ou LEI • METODOLOGIA CIENTÍFICA • Física e Afins" | Física e Afins - https://www.youtube.com/watch?v=XatohLKkEqk

É só uma teoria | Nerdologia - https://www.youtube.com/watch?v=kyGu9lTr_jM

Animação

“How science works” - University of California - Museum of Paleontology https://media.hhmi.org/biointeractive/click/understanding-science/#/intro/1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIBENI, Silvio Seno. Algumas observações sobre o “método científico.” Human Nature, p. 1–16, 2006.

MOREIRA, Marco; OSTERMANN, Fernanda. Sobre o ensino do método científico. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, vol. 10, no. 2, p. 108–117, 1993.

POPPER, Karl Raimund. A Logica da Pesquisa Cientifica. [S. l.: s. n.], 2007.

Grupo de Estudos

Caso você tenha interesse em discutir sobre esse tema, venha participar de uma vídeo conferência no dia 04/06/2020 às 17h.

Link da vídeo conferência:

https://meet.google.com/xcs-xvor-sme

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